terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Capítulo 4- Ai flores, ai flores do verde pino




Pelo amor de Deus, se alguém se põe assim a falar com as flores, ainda por cima um rei! pensou a Sandra.
Ó s’tora, não percebo nada destas coisas. Olho para isto e não vejo nada. É como se tivesse um muro à frente.
Um telemóvel vibrou sobre a sua mesa. Está bem, está bem, ela sabia que não era permitido, mas o que poderia fazer? Estava à espera de uma mensagem da Cátia do 10º 7 que ficara de investigar onde parava o Luís que, havia dois dias, não aparecia, nem dizia nada. Desligou o aparelho perante o olhar fulminante da professora e tentou entender a miúda que se dirigia às flores do verde pino, uma pateta qualquer, talvez pedrada, talvez bêbeda, mas com um problema idêntico ao seu: também ela esperava notícias do amigo.
Quando acabou a aula e leu a mensagem da amiga, ficou tão apalermada como perante a cantiga:
Luis n. ta lado nnh pais preokup.
Que cena! Onde se terá metido aquele gajo? Vou procurar o Tótó. Dirigiu-se à sala multimédia. Lá está ele pendurado na Internet!
Puxou o cabelo do irmão.
Tótó, viste o Luís?
Qual Luís?
Qual Luís?! O Luís Reis!
O que tem uma Kawasaki?
Iá, qual havia de ser?

Ah, esse... não afastou os olhos do monitor. Estava a pesquisar para Técnicas Laboratoriais de Biologia. Ah, sim! Vi-o. Vi-o há dois dias.
Pois é, ninguém sabe dele desde anteontem.

Oh, mana! Isso é um problema? Se calhar foi dar uma volta. Ele já deve estar farto das tuas parvoíces, mana. Quem é que aguenta? Só eu que sou teu irmão e não te posso ignorar.
É que nem os pais sabem dele!
Nunca sabem, maninha. O que queres que eu faça?

Investiga. Vê se consegues contactar o Clube Motard de Confins-de-Baixo.
Ok, mana. Eu digo-te alguma coisa pela hora de almoço.
Saiu a correr em direcção ao portão da escola. Já não havia clima para assistir ao resto das aulas.

Sem comentários:

Enviar um comentário